sábado, 11 de outubro de 2025

História de uma adorável camponesa

O ano era 1937, ela tinha 13 anos, filha de uma portuguesa, com um morador local, negro, de uma cidade do sertão de Alagoas, no Brasil.

Tinham uma fazenda, com gado e plantação de algodão.

Tinham dinheiro suficiente, muitos  irmãos  e uma mesa farta.

Mas a vida era dura, de muito trabalho, dia após dia ajudando da roça.

Ela não sabia que tinha uma vida boa, então  sonhava  como toda menina em casar e sair daquele trabalho pesado. 

Aos 17 conheceu um homem, dez anos mais velho, sua mãe odiou ele e percebeu que ele não a faria feliz,  mas ela o amava. Seu pai chorou no dia  do casamento,  e a mãe dela falou não  me peça ajuda, eu te avisei.

Então aquela linda camponesa deixou a fazenda dos pais e foi para casa que o marido tinha preparado para ela, há alguns quilômetros de distância  e ela nunca tinha visitado aquele  lugar.

Chegaram.

Um casebre de barro, diferente da casa dos pais, que tinha varanda, espaços. Enfim.

Ele abriu  a porta que rangeu e lá dentro não  tinha nada, um colchão  de campim seco, nos fundos um fogão a lenha e só.

Não tinha onde ela guardar suas roupas,  tinha um rio nos fundos, que ela pensou que poderia lavar as roupas ali, talvez pescar.

Acho que uma ou duas panelas de barro para cozinhar.

E ali na luz do luar ou do lampião ela teve sua primeira noite com o marido.

Se arrependeu, com certeza, mas não podia voltar, sua mãe tinha avisado, mas mesmo que ela quisesse voltar, ela amava aquele homem.

E a vida seguiu seu curso, ela sabia plantar, então no dia seguinte começou uma roça, o pouco dinheiro dele sustentou os dois por algum tempo.

Ela o fez comprar um Jumento e uma cabra, a cabra fornecia leite e o Jumento ajudava quando ela  precisava ir para a cidade.

Nasceram três filhos, não passava fome,  mas  o trabalho era muito mais duro que aquele da roça de seus  pais.

Nas poucas visitas na casa da mãe,  ela nunca reclamava.

Um dia o marido  disse, vou para São Paulo, trabalhar e ganhar dinheiro.

Ela acreditou.

Ele foi.

Os anos se passaram, sozinha e com o pouco  dinheiro que ele mandava vez ou outra, comprou outra cabra   pagou um trabalhador para ajudar na roça. 

Os filhos brincavam no rio.

Cinco anos se passaram e ela cansou de esperar.

Vendeu a casa, vendeu as cabras, o Jumento e a roça, com o dinheiro comprou passagens para São Paulo, na mão um envelope de uma das cartas que ele mandou,  e ali tinha um endereço.

Chegaram, ela, as crianças com os olhos brilhando, vendo a cidade.

Na mão,  três crianças, sacos com roupas. sobras de comida da viagem, e nos seios todo o dinheiro que possuía.

No envelope na mão, um endereço, mostrou, perguntou, vários ônibus, cansada chegou enfim, na rua do endereço.

Ela não sabia ler nem escrever, então mostrou o envelope e mostraram um portão. 

Ela, os sacos, as crianças bateram, o portão  abriu e ela falou o nome dele.

Com um sorriso do outro lado, a pessoa falou, sim, ele mora ali  naquela porta, ela não sabia, mas era um cortiço com várias quartinhos e muitas pessoas morando.

Mas, ele não está agora, ele está trabalhando, quem são vocês?

Ela respondeu, sou a mulher dele, e esses nossos filhos.

Perceberam o cansaço  dela, a colocaram  para dentro de uma das casinha, apareceu  alguém  e disse, se a senhora quiser, posso levar a senhora ao trabalho dele, é aqui pertinho!

Ela foi, as crianças ficaram esperando, junto com os sacos.

Apertaram um botão no muro, ao lado de uma porta de ferro, o portão se abriu e o homem que a levou falou:

- Fulano trabalha aqui, pode chama-lo é urgente.

O portão se fechou e minutos  depois ele apareceu assustado.

O chefe sabendo da história,  o liberou naquele tarde e ainda adiantou um vale, ele não tinha guardado nenhum dinheiro durante cinco anos de trabalho.

De volta, ao cortiço ele viu  os filhos 5 anos mais velhos, abriu  a porta do seu quarto, e ela chorou, chorou como na primeira noite no casebre.

Lá tinha uma cama de solteiro desarrumada, um fogão de duas bocas, panelas e roupas sujas e muito pó.

Entraram.

Dos seios ela tirou o dinheiro, ele foi comprar uma cama de casal, outra de solteiro para as crianças e comida.

No dia seguinte, ela perguntou por escolas, e colocou as crianças  para estudar.

Arrumou emprego, trabalhou.

Comprou  uma terreno, construiu uma casa grande, mudaram, e ainda teve outra filha.

Os filhos cresceram, mudaram e nunca  souberam se ela foi de fato feliz.

Mas viveu com o único homem que amou, durante toda a vida.


Viva e seja feliz ❤️ 

Maria Silva

@eumariasilva100conta2


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Boraaaaa!!!! rs