Estranha e maravilhosa vida, na infância ela se descobriu um pouco diferente, os olhares, as crianças não mentem, e não se preocupam em falar coisas, que nós adultos, educadamente, calamos.
Então, ela descobriu que precisava ser a melhor nas notas, nas apresentações, em tudo, mas nem tudo é posssivel, então ela também percebeu que precisava ser bacana, ser legal, ser alegre, amanhecer sorrindo e dormir sorrindo para todos e com todos, e foi então que ela se perdeu no meio de tantas máscaras.
Então, quando ela se deu conta que era adulta, e precisava usar a máscara para os colegas de trabalho, nas reuniões sociais, em casa e finalmente a que tinha pra dormir.
Com o passar do tempo, ela já não sabia mais quem era ela, vivia para agradar, para não responder perguntas difíceis sobre a sua vida, e nunca viveu de fato o dia, eles apenas passavam.
Enquanto todos a admiravam, pelas roupas que ela usava, com as quais ela escondia a sua personalidade, com sua educação impecável, com seu senso de humor e a sua vontade de sempre ajudar, e atender todos os convites.
Ela era pura dor, e todos achavam que ela era pura alegria.
Se deixou levar por um amor de cristal, que quebrou-se em centenas de milhares de pedaços, mas como ela era um rocha, pisou por cima dos cacos, seus pés sangraram e ela continuou, e ninguém viu o rastro de sangue que ela deixava.
Ninguém entendia de onde vinha a força que ela tinha, para trabalhar, viver, educar filhos e seguir, sempre sorrindo.
Passaram-se muitos anos, e ela não lembra de muitas coisas, acho que é a natureza, ela é boa e sabe proteger uma alma sofrida, apagando muitas memórias...
Mas um dia ela acordou, acordou diferente, acordou.
Olhou para o lado e viu centenas de máscaras, máscaras para sair, e ir no mercado, outra para trabalhar, outra para a familia, outra para reuniões sociais, para amigos e uma para quando estava sozinha, e simplesmente se enganar.
Naquele dia, ela respirou, levantou-se, e não pegou a máscara da primeira hora, aquela de lavar o rosto, e a primeira olhada no espelho, aquele dia ela lavou o rosto, olhou no espelho e viu que era tão bonita, como não percebeu isso antes?
Usou a maquiagem de sempre, só que na pele, não na máscara, saiu e sentiu o sol na pele, o vento e percebeu o sorriso de um bom dia, para ela, não para uma daquelas centenas de máscaras que ela escolhia toda a manhã.
Jogou fora todas as máscaras, agradeceu por não lembrar de muitas coisas, pois agora ela cria lembrancas, sem medo, sem traumas, eles cairam em algum momento, todo o peso de uma familia que ela amava e sabia que era amada porem era uma familia cheia de traumas que eles também carregavam e esse peso caiu em algum momento da estrada, ela não sabe quando, mas se sente leve agora.
Seu livro de cabeceira não mudou, ela quis continuar com ele, e ontem ao olhar suas unhas bonitas e bem feitas, ela sorriu, e lembrou de que "Tudo tem um tempo determinado embaixo do céu... Livro de Eclesiastes capitulo 3".
Então, ela sorriu, tomou um café quente, e saiu para viver.
O passado ficou lá e não pode a alcancar mais, porque ela aprendeu, que o que importa é o presente, esse exato momento, nem um segundo a mais nem a menos.
Ela aprendeu a respirar fundo, sorrir para ela, e por ela, tomar um bom café, e sempre que precisa, a dizer não.
Dizer não é libertador!
E mais interessante disso tudo, é que hoje ela é muito mais admirada do que antes, quando se escondia atrás das máscaras.
Apenas viva e seja feliz ❤️
Maria Silva
@eumaria silva100conta2